domingo, 19 de junho de 2016

Tirem-me desta fotografia e… o que eu preciso é de trabalho!






Hoje foi o final de mais um curso de licenciatura em enfermagem em Ponta Delgada.
Se há 1 ano o dia não me foi fácil, hoje não ficou atrás.
Este ano foi tudo planeado para um Domingo. Como tal, a minha cabeleireira veio a minha casa e além de me pentear, maquilhou-me. Eu gosto muito da sua maquilhagem porque fica muito natural.
Antes de sair a Verónica tirou-me algumas fotos mas eu não as vi bem porque sem óculos vejo mesmo mal.
Na Escola tiraram-me fotos enquanto eu dizia algumas palavras como Diretora de Curso. Quando as vi assustei-me. Já ontem fizemos um pic nic e custa-me muito ver-me nas fotografias. Atribui então que era por não ter sequer batom ou lápis nos olhos mas hoje tinha e assusto-me. Parece que tenho 60 anos!!!!!
Esta é outra coisa que eu digo a quem pensar fazer cirurgia bariátrica: façam cedo, antes muito antes dos 50. Porque com grandes perdas de peso envelhecemos mesmo.
Ainda que aas pessoas me cumprimente e me digam que eu pareço muito mais jovem, eu acho-me terrivelmente velha nas fotografias.
Também há as pessoas que dizem coisas muito queridas do tipo “o que conta é que és tu”; “és sempre bonita”, etc. etc.
Mas a autoimagem é muito importante e por mais que eu não gostasse do meu corpo obeso (na verdade detestava), gostava muito da minha cara. Só que parece que não se pode ter sol na eira e chuva nas couves (ou no nabal como se diz em certas partes do continente).
Quando decidi fazer essa cirurgia acordei, com o meu cirurgião daqui, uma meta para 75 Kg. Agora oscilo entre os 61 e os 63 Kg. É muito de menos mas não consigo de outro modo. Decidi com a nutricionista que se viesse abaixo dos 60, faríamos suplementos para travar, mas não foi necessário. Pelo menos até agora não foi. Literalmente (ou inversamente?) não há fome que não dê em fartura. Gostaria de aumentar de peso para encher mais a cara, mas não há como. Não tenho onde colocar comida e, ainda que coma de 2 em 2 horas, ou no máximo, de 3 em 3 horas, a dieta é quase isenta de gorduras por causa da litíase biliar. Que saudades tenho de um iogurte! Ou de um ovo! Mas acho que já escrevi sobre essas minhas saudades…
Há um ano, no final do último curso de licenciatura, eu tinha precisamente mais 12 Kg que agora. Era assim que eu queria ter ficado. E não admira que as pessoas digam que as fotos dessa altura são boas e que eu estava muito bem. Eu sei!
Mesmo assim estava a ser difícil olhar para mim (imagine-se agora!!!)
Nesse dia, há 1 ano, quando a festa acabou fui a lojas de roupa. Vesti um fato Ana Sousa, branco, lindo. Mas ficava-me largo. Já me olhei para o espelho do provador e fiquei aflita. Simplesmente não era eu que estava ali. Quando a funcionária disse que ia buscar o número 40 eu achei estranho e pensei “Não me serve!” Ah não, que não serviu. Era para o meu corpo, mas eu tive uma crise de pânico e fugi da loja. Ainda bem que não o comprei ou hoje ficava-me muito grande como alguma roupa que tenho do ano passado.
Levei dias sem conseguir olhar para mim ao espelho mas depois com a ajuda da minha psicóloga, ultrapassei.
Hoje tive de fazer o mesmo: chegar a casa e pedir que me tirem fotografias, olhar para elas, publicá-las no Facebook. Sou eu. Agora sou assim. Não me vou ocultar, não me vou esconder, só há um caminho e é para a frente. Não sei como mas é para a frente.
Depois, não emagrecemos (pelo menos eu não) harmoniosamente. A primeira coisa que perdi foi as coxas. A última, as mamas. E agora esta cara que eu olho e não gosto. E santa paciência: a nossa cara é a nossa identidade.
Já com a ansiedade não consigo sorrir normalmente porque não é o meu sorriso. Isto é complicado mas só tem um remédio: enfrentar. E enfrentar precisamente pensando que não se pode ter tudo, que depois alguma coisa recuperará. O meu cirurgião aqui em Ponta Delgada, quando falávamos de cirurgias plásticas (hoje não as quero fazer de modo nenhum, só farei as cirurgias que não puder evitar por motivos de saúde, que tenho um doutoramento honoris causa em cirurgia e outro em anestesia geral), avisou-me que não tocasse na cara porque esta viria muito abaixo mas depois recupera. Vou esperar por essa recuperação.
E pensar que não morro por isso. Ninguém morre por ficar mais feio. É aprender a viver com esta cara, estas expressões, este sorriso. E o sorriso, sim, custa-me muito ver. Nas fotografias depois de tudo, há algo que noto: o sorriso está mas a alma inocente que eu tinha, perdeu-se. Há sempre um véu de dor ou de espanto, sei lá, que eu não tinha.
De resto, esta semana que passou começou a ser normal depois de eu voltar ao trabalho. Não me ponham sem trabalho, por favor. Já estava a bater mal de todo no Algarve, no último dia fiz análises pois tinha que fazer algumas por causa da absorção de cálcio e pedi outras já que me esquecera que em março de 2015 tinha a ferritina 3 vezes mais elevada do que o normal e me foi dito que devia repetir em 6 meses. Sou seguida no Hospital em várias especialidades mas falta uma que congregue tudo e esta informação perdeu-se. Eu mesma me esqueci e o meu médico de família não tinha essa informação porque então foi de análises de neurologia no estudo das causas da neuropatia periférica. De modo que no Algarve me recordei porque tive tempo para pensar (o que em mim pode ser complicado) e uma amiga me contava a sua situação de saúde com a ferritina elevada. Fiquei logo a bater mal. Muito mal. Mas afinal, feitas as análises, estavam todas bem. Apenas plaquetas um pouco baixas bem como os leucócitos mas eu tinha apanhado um bocado de sol e desde há anos que me sucede, principalmente os leucócitos, por causa do lúpus.

De modo que o que eu preciso é trabalho. É uma grande bênção!

5 comentários:

  1. Amiga compreendo o que podes sentir. Mas para mim acho-te linda. Quanto ao sorriso, é diferente do de antes... mas bonito também. Dá tempo ao tempo

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  2. Obrigada, Susana.
    Pela tua presença, por TUDO!

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  3. não penses no passado o futuro é muito mais belo, olha para a força que vem do teu interior, e vê o resultado, costuma dizer.-se quem vê caras não vê corações, no teu caso vê-se a alegria e força e riso que vem do teu coração e isto transmite-se a que está contigo, ama o teu riso, a vida sorri-te, beijinhos.

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  4. não penses no passado o futuro é muito mais belo, olha para a força que vem do teu interior, e vê o resultado, costuma dizer.-se quem vê caras não vê corações, no teu caso vê-se a alegria e força e riso que vem do teu coração e isto transmite-se a que está contigo, ama o teu riso, a vida sorri-te, beijinhos.

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