quarta-feira, 6 de julho de 2016

Lagartixa!!! Lagartixa??? Lagartixa…

Comecei psicoterapia há 9 anos por causa de fobia a lagartixas.
Tenho-lhes aversão desde miúda mas em 2005 e em 2006 estragaram-me, ou melhor, eu estraguei umas férias em Porto Seguro e na Terceira por causa das bichinhas que estavam no seu habitat natural, logo, fui eu que estrague e não elas.
Não sei quando me começou esta fobia nem porquê mas veio a piorar com a idade.
Tinha o meu filho mais velho 2 semanas de vida quando em casa de uma tia, no seu jardim, numa festa de aniversário, o meu primeiro marido me pega num braço e diz “levanta-te”. Não se espantou, mas eu compreendi que algo se passava e, entretanto, cai-me uma lagartixa nas costas. Gritei como louca e agarrei o bebé de modo que não o deixava. Espantei todas as pessoas e fiquei muito mal. Mas o medo era muito anterior, como digo, desde criança.
Em 2005 em Porto Seguro, entrou-nos uma no quarto de hotel (um hotel de cinco estrelas, num ecoresort). Entrei em choque, não dormi nem deixei dormir, quis mudar para um hotel de cidade, e lá fomos. Até que no último dia havia lagartixas no hall de entrada e eu desorientei e fiquei muito feliz de sair de uma terra com tanta bicheza.
No ano seguinte, em Agosto, na Terceira, na freguesia do Porto Martins, em 3 semanas, a ansiedade atingiu níveis elevadíssimos. Não entraram em casa mas havia no quintal e era uma saga connosco a sair cedo antes de elas aparecerem e a entrar em casa à noite. Não foram férias, foram um tormento e quando regressei a casa estava numa crise de ansiedade em que reparei que tinha de me tratar para conseguir desfrutar férias em paz. Não tinha mais direito de as estragar nem a mim nem a ninguém e como só não há lagartixas nos pólos…
Nesse mesmo ano, em Abril, em Punta Cana a coisa só não ficara feia porque eu descobri as “minhas amigas”, como são designadas pela minha família, no telhado do salão de espetáculos e numa ilha no meio da piscina apenas no último dia.
Tratar essa fobia foi muito mais fácil do que eu pensava, e passando as etapas todas, nunca cheguei a pegar em nenhuma nas mãos, mas quase lhes tocava sem problema.
Em 2007, em Salvador, veio a prova.
Diz-me a minha amiga (e então mentora de Tarot de que fiz formação avançada, mas infelizmente nunca fui taróloga profissional; é pena, talvez estivesse rica – hoje não uso mais por um voto que fiz quando estive doente), Kris van Buren, que as lagartixas são atraídas por pessoas com energias positivas. Acho que é bondade e amizade da sua parte, ainda que sejam veneradas em algumas tribos do Hawai. Mas se for verdade, então eu devo resplandecer de energia positiva porque onde estou aí estão elas. Em 2007, em Salvador, primeiro na varanda, no dia que chego, lá estava uma. Olhei-a. Preferia que não estivesse, mas “estás aí e eu aqui, o.k.” Na beira de uma piscina, outra, meio atordoada porque deve ter caído à água. Nessa quase toquei. É que eu nem olhar conseguia (nem sequer na televisão ou numa foto como esta que publico aqui), muito menos aproximar-me e ainda menos ficar com os dedos a milímetros. Como não tinha nem tenho necessidade de pegar em lagartixas ao colo nunca avancei mais do que isso. Amigas, mas não demasiado íntimas.
Ao longo destes anos notava que não me incomodam. Prefiro-as longe mas de modo algum me incomodam e muito menos como me sucedia.

Hoje, estava aqui em casa a preparar-me para ver o jogo do Euro, mergulhada a corrigir exames dos meus alunos quando o meu filho Diogo chega do trabalho e me diz: “Mamã, podes vir aqui”. E eu nada, sem vontade, estava a trabalhar bem e concentrada e não queria mesmo sair de onde estava. Mas ele insistiu, mansamente, de modo que eu pensei que ele me queria mostrar algo fora da sala. Levantei-me e quando me afastei de onde estava ele disse: “Tem calma, está uma lagartixa na cortina da sala”. A cortina fica ao lado de onde eu estava. Coisa de 1 metro de distância. Olhei e lá a vi. Não me deu qualquer impressão. Só me perguntei por onde entraria. Talvez pela lareira. No primeiro ano em que viemos para esta casa, entrou uma pela porta e foi o ver se te avias de gritaria e toda a gente à procura porque ou saía ela ou eu. Em pânico. Hoje o Jorge e o Diogo procuraram-na. Eu não só pela simples razão de que não posso arrastar pesos, mas mirei também. Nunca a encontrámos. Ou seja, anda por aqui e eu estou tranquila. Diz-me o meu marido: “O que mudaste nesta e noutras coisas!”. Noutras coisas eu gostaria mas ainda não ultrapassei. Pelo menos algumas. Talvez chegue o dia.