
As minhas prioridades eram: estar com as pessoas amigas, a
minha tia-madrinha, a minha prima e a sua família, ver conhecidos, ir à toirada
de concurso de ganaderias, se possível a uma à corda, desfrutar a paisagem da
ilha e provar alguma da sua incrível gastronomia.
Saí de Ponta Delgada na quarta-feira com o tempo cinzento e
cheguei aqui com a mesma tonalidade. O avião aproximou-se sobrevoando a Praia
da Vitória e senti um nó na garganta. Afinal, aqui nasci e é uma das paisagens
que mais amo neste mundo.
O primeiro encontro foi com a amiga em casa de quem fico.
Confesso que não me é fácil ficar em casa de outras pessoas e geralmente
prefiro hotéis. Há poucas pessoas em casa de quem me sinta completamente à
vontade mas esta é uma delas e onde fico quase sempre com a maior gratidão e
carinho. Ainda para mais, vindo sozinha, estaremos só as duas, o que me é muito
apetecível neste momento. Tive oportunidade de rever imediatamente o seu filho
e nora, o que eu muito queria após tanto que passámos os dois. Foi um serão muito
agradável, com imenso que contar e lutando contra o tempo que voa. Aliás, este é um aspeto menos bom nesta visita: serão
demasiados poucos dias para o tanto que eu queria fazer e, principalmente, para
tantas pessoas a quem eu queria ver. Fica desde já o meu pedido de desculpa a
quem eu não conseguir e a promessa de que espero não levar tanto tempo a
regressar.
Ontem foi dia de ver mais duas amigas, uma que generosamente
me tem transportado e com quem fui ao Hospital de Angra, este já não ao das
minhas raízes, onde trabalhei durante 6 anos, pois trata-se agora de um enorme,
dizem que demasiado grande para as necessidades. Mas fui para um assunto profissional
de um trabalho de investigação e com a oportunidade de dar um beijinho uma
amiga e colega com quem trabalhei muito proximamente, a atual chefe do serviço
de obstetrícia. Tive pena de não conhecer o serviço mas não se proporcionou. Também
fui ao polo de Angra do Heroísmo da Universidade dos Açores, mais especificamente
à Escola de Enfermagem onde tinha como objetivo rever colegas e cumprimentá-las,
mas havia exames de estudantes e apenas tive oportunidade de conhecer uma funcionária
a quem falo frequentemente ao telefone e conheci um colega com quem nunca havia
estado. Deixei beijinhos e tive de ir embora pois aguardavam-me numa reunião. Mas
gostei desta secção da Escola Superior de Saúde. Achei até mais agradável do
que o edifício anterior, nenhum dos dois fazendo parte das minhas raízes pois
iniciei o meu curso no ginásio, se não estou em engano, do Liceu de Grande, já
que o terramoto de 1980 tinha destruído a então Escola de Enfermagem e o que
existia eram umas instalações provisórias onde se assava no Verão, se tremia de
Inverno e se assistia a chuva de interiores sempre que o generoso céu pluvial
dos Açores dava o ar da sua graça. O meu curso terminou já num edifício mais
decente nos Portões de São Pedro (agora reparo no nome e reconheço que lá dentro
não era o céu mas permitiu um último ano de curso bastante agradável) do qual
guardo várias recordações: o cheiro a lareira, a belíssima vista para o Monte
Brasil e uma entrada com um alto tão grande que o meu VW 1300 carocha tinha de
ser bem manobrado para não arrastar o fundo, ainda que sempre me assegurassem
que o mesmo era blindado.
Regressando à Praia, foi a oportunidade de encontrar outra
amiga de sempre, mais uma daquelas que me conhece o estado de espírito pelo
modo como pontuo uma frase e que eu conheço o que pensa pelo modo como lhe
tremem as narinas (gaitadaria!!!!). Conversámos tanto, sabendo que o tempo não
nos era favorável, penso que foi muito bem aproveitado, pusemos o possível da “escrita
em dia” com o dito e o não dito porque é destas amizades em que muitas vezes as
palavras não são necessárias. Também é daquelas em que podemos estar (e
estávamos) há anos sem nos vermos mas sabemos que nada mudou. Após umas breves compras
juntámo-nos para jantar a três com a amiga que me hospeda. Acima de tudo o
estar a três é que foi bom, a comida satisfez (o pudim de coco era delicioso) e
depois, vindo para casa, foi o abrir de coração, nestas conversas de enorme cumplicidade
com que só algumas pessoas têm e que eu duvido que os homens consigam. Com mais
ninguém me desnudo tanto e vou tão a fundo. A Almerinda talvez seja a pessoa
que melhor me conhece neste mundo o que não admira por tanto que temos
partilhado, do bom e do menos bom das nossas vidas. Alguns anos mais velha,
conhece-me desde que nasci, foi minha catequista, vivemos juntas a primeira
gravidez, pois os nossos filhos fazem diferença de apenas 1 mês e meio de idade.
O nosso nível de entendimento quase telepático é tão grande que ela sabia que
eu não estava bem, que algo grave se passava mas que eu necessitava do meu
espaço, portanto, que quando pudesse, comunicaria. Tive acompanhamento inexcedível
e inolvidável de muitas pessoas como já referi neste blog. Mas também tive
intrusão e quem achasse que eu deveria escrever ou atualizar o FaceBook com o
que se passava. E eu simplesmente não queria falar, não queria escrever, não queria
Facebook nem queria atender o telemóvel. Precisava de me afastar do mundo. A
Almerinda foi as raras pessoas que não apenas o compreendeu mas o respeitou. E
isto é de uma elevação que não tem qualificação a não ser por parte de uma
pessoa muito nobre a todos os níveis. O mesmo sucedeu com a Raquel, pessoas
que, efetivamente têm muitos pontos em comum. E depois não me digam que a
astrologia não funciona (são do mesmo signo solar e, quase de certeza, se bem
me recordo, têm o mesmo ascendente). Com elas sabemos estar juntas, até no
mesmo espaço físico, sabendo resguardar o espaço da outra, quando estar e
quando não estar quando falar e quando calar, quando ouvir e quando intervir. Tal
como com a Graça, consigo uma conversa de elevado nível em que uma não atropela
a outra a falar, o que já indica muito muito do nível de intimidade, do tipo de
respeito e da relação profunda existente. Ah, e da boa educação!
Deste primeiro dia não há fotos. Precisámos ser só nós, tudo
o mais era mesmo secundário.

e Ilha Terceira, a do Crisma. Ambas as madrinhas me influenciaram nesta área, na minha educação pois são também pessoas de elevada moral e ética, fortes princípios e valores e até nas festas e receções que sempre dei enquanto vivi na ilha Terceira e que foram desaparecendo em São Miguel até não existirem mais, o que sucede por outros motivos mas que eu já estava a pensar retomar, pois ainda que tenha uma casa demasiado pequena para o que foram sempre as casas onde vivi há sempre forma de o fazer e estou pronta a redescobri-lo.
Os toiros, bonitos de presença, eram fraquinhos de bravura e
o arraial tinha menos pessoas que aquilo de que me recordo.

Antes de sairmos da Base houve oportunidade da Adília me
comprar Centrum, aperitivos e chocolates, para nós na toirada de amanhã e para
oferecer e, minha alma ficou parva: em tudo gastei tanto como seria em 2 meses
de Centrum no mercado português, levando, só deste para mais de 6 meses.
O meu telemóvel ficou sem bateria e eu tirei menos fotos do
que gostaria. Neste momento está a carregar porque amanhã, há de ser o grande
dia de toiros, se Deus o permitir.
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